sempre andava na dela. queria papo. mas cordialmente desprezava.
dona de si. não tinha coração. no lugar um álbum de coleções. sensações apenas.
parecia ter 16 anos. inocente, dócil e bela. esperta e dissimulada eram qualidades.
com o tempo o coração amoleceu. alugou o apartamento por uns tempos. para um aqui e outro ali. e embora já pensasse em vender, teria ainda que fazer algumas reformas.
reformou e depois perdeu a vontade de vender.
foi atrás de seus sonhos. tornou-se proprietária também deles. aos poucos foi deixando de lado seu coração. parecia melhor assim. sem pensar nele. e focada apenas no inconsciente.
mas seu antigo ap., mesmo com a reforma, já se desfazia. e quando pensou em reformá-lo, um interessado o levou do jeito que estava - tendo uma porta solta encostada em uma das paredes de tinta toda descascada. só o chão estava inteiro, de madeira bonita e brilhante. pagou uma quantia boa. maluco era o cara. disse que ela podia ir morando no apartamento que ele não ia se mudar ainda. então ela, sem tem que pagar aluguel resolveu ficar. com o tempo o maluco mudou-se para lá, em 1 dos 2 quartos que haviam, e assim passaram a viver juntos.
arquiteto. tinha vários projetos em andamento e começou a transformar o lar. idêntico a sua personalidade. maluca e sistematicamente perdido. quando deu por si, os projetos começaram a tomar conta dela, à tornarem seus, e ela a financiá-los. e o ap sempre dele. e ela plenamente conformada à situação; armários modulados, pranchetas e papéis em todos lugares. sem falar dos cubos. ela o cara, e os projetos. quase ficou maluca. o piso perdeu a interinidade e o brilho. passou quase 3 anos nessa situação. até o dia em que o cara desapareceu por 48 horas.
estava na holanda. do nada, recebeu uma proposta muita lucrativa e havia, sem pensar 2 vezes, se mandado. disse a ela que podia ficar com o ap., desde que ela deixasse ele se hospedar lá, sempre que voltasse.
enlouqueceu.
os projetos ainda estavam presentes em sua vida. e não mas a via sem eles. tentou por conta, tomá-los para si. mas como havia se bagunçado entre projetos, papeis, compra e venda de apartamento que não o seu, esqueceu de seus sonhos e assim de seu vital. os papéis perderam vida. e com o tempo molharam-se. desmanchando rabiscos e composições.
se perdeu.
diferente da garota dos 16. perdeu seu mandado. voltou para o que tinha de mais valioso. seu coração. não conseguia manter a casa com a própria maluquisse. e daí chamou um arquiteto. que limpou toda a bagunça, pois toda a casa em ordem e a tirou do estado de abandono.
ela se via em perfeitas condições.
porém, sem a bagunça que fazia parte da sua vida, sem seus sonhos, e dividindo um apartamento que não era o seu.
Há 7 anos
Oi! Fazia tempo que não passava aqui e resolvi deixar um oizinho!
ResponderExcluirAchei o tema desse texto bastante criativo! Beijos!